Segunda Mensagem de Copenhague

Eduardo Lacerda Ramos – Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia

15 de Dezembro de 2009

À -1º C, Copenhague está pegando fogo.

Ameaça de 100 mil militantes invadirem o Bella Center (local dos trabalhos da Conferencia) mostra o clima de tensão em Copenhague. Este pode ser explicado pela disputa por espaço/oportunidade para se expressar e influenciar nas decisões. Realmente, pouco espaço é disponível para argumentos além dos que já estão assentados nas palavras dos governos e das corporações modernas. A representação das pessoas (bilhões que sofrem dos azares do aquecimento global) fica praticamente no âmbito dos grupos de manifestantes que acorrem de dezenas de países e de algumas ONGs. Como exemplo, da representação dos pesos pesados, temos a Unida – União Nacional da Indústria de Cana e Açúcar, dizendo que “é a maior organização que representa os setores de açúcar e etanol” e que fala e age no Brasil e ao redor do mundo, da parte dos produtores líderes de açúcar, etanol e bioeletricidade; suas 110 empresas associadas representam 60% do etanol e do açúcar no Brasil: A UNICA, portanto, pode falar grosso em qualquer lugar do mundo, inclusive em Copenhague.

Os atores que têm acesso a Copenhague, e que são do setor privado, estão desproporcionalmente do lado dos produtores e não dos consumidores e da população em geral. Veja-se, por exemplo, a Senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Brasileira de Agricultura; ela bradou, por escrito e oralmente, que os produtores brasileiros “produzem com uma mão e preservam com a outra“ – isto em palestras, em dois momentos, na Sala da Delegação Brasileira no Bella Center. Você concorda com isso? Naquele momento tive que intervir dizendo que milhares de animais, plantas e o solo estão sendo torrados continuadamente e as árvores cerradas pelos produtores de gado, etc., etc. Já o BNDES anuncia o Fundo da Amazônia, pongando na onda da moda Internacional Amazônica , a despeito dos outros biomas, como nossa Mata Atlântica .

O que proponho para nós é entrar nesta briga que é global, de forma sistemática, incluindo-se a participação neste momento em Copenhague. É por isto que disse ao Ministro do Meio Ambiente, Minc, “não esmoreça!”, em breve encontro que tivemos no Bella Center durante a Conferência.

Para completar esta segunda mensagem de Copenhague, quero relembrar as palavras de um dos grupos de manifestantes, “políticos falam, líderes agem”. Felizmente na Bahia, nosso Governador Jaques Wagner, fala e age.

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